Resenha: Rua Direita
SE ESSA RUA, SE ESSA RUA FOSSE MINHA...
RUA DIREITA
Ficha literária
Título: Rua Direita
Autor: Anderson Borges Costa
Editora: Chiado Editora
157 páginas
Como
você caminha na rua? Apressado? Atento aos perigos das grandes cidades?
Desatento, pois a paisagem é velha conhecida? Desfilando?
Quando
você de fato contempla as desigualdades sociais, raciais e econômicas do lugar
que você conhece?
Quando músicas, pessoas e lugares ativam a sua memória, qual a sua reação?
Essas e outras questões são discutidas durante a narrativa imagética de Rua Direita, belamente tecida por Anderson Borges Costa, em seu primeiro livro.
O
texto é de ficção, mas se relaciona magistralmente à realidade. Pois o que temos é o relato sobre um homem sem –
teto, anônimo e que passa fome, que
perambula pela cidade de São Paulo e nos proporciona o reconhecimento desse
lugar que rotineiramente é preenchido por outros passantes.
O
estilo é definido como nervoso, há o relato, a voz do narrador que está de fora
e que em dado momento encarna a voz do protagonista. Não obstante, as imagens
desse labirinto são complementadas com lembranças musicais, da infância, de uma
vida comum aos passantes, alusões literárias, e uma estranha sensação de deja vú.
Não classificaria como literatura do
absurdo, pois considero absurdo o permitir-se estar cego ou alienado. A ficção da
realidade precisa ser degustada numa só garfada, como sugere o personagem
quando diz querer jantar uma cidade inteira. Louco? “Mais louco é quem me diz
que não é feliz”.
Para
realizar essa leitura a que deixar as feridas do leitor em um recanto, ter “olhar desprevenido e alma livre”.
E
pensar: “ Se essa rua, se essa rua fosse minha...” o que eu faria?
1 comentários
Eu a percorreria em toda sua extensão....
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