Resenha: A correspondência de Fradique Mendes



Olááááá leitores e leitoras!!!


Mais um Desafio Literário cumprido!!!!
Categoria livro com mais de 100 anos
#DesafioLiterário2015



Porta-voz de anseios tanto bons quanto vis, e ao mesmo tempo instrumento de fruição para a constância da vida cotidiana no século XVIII, o romance é o espelho do que está nas profundezas das relações – sejam elas sociais, políticas, ideológicas ou amorosas.

O romance como conhecemos hoje, surge em decorrência de fatores ligados às mudanças sociais e às necessidades de comunicação resultante das mesmas.

Segundo a tradição aristotélica, o romance substitui a epopeia quando falar do passado não satisfaz os anseios de uma classe social emergente no século XVIII: a burguesia.

E deixando de ser técnica ou acadêmica é aqui que o romance passa a ter a denotação que costumamos conhecer: literatura feita pelo povo, para o povo e com o povo...

No romance de Eça de Queiroz, o leitor é apresentado à trajetória de Fradique Mendes por um narrador-personagem. É a partir da parte intitulada “Memórias e Notas” que se toma conhecimento da origem, valores, gostos, ideias, rotina, visão de mundo e pensamentos de Fradique.

Também é o narrador que nos apresenta o propósito político-histórico da obra. A sociedade portuguesa enfrentava, em pleno final do século XIX, uma crise que afetava diversos aspectos. Economicamente agrário, o país não tem para onde escoar seus produtos. Sofre redução das remessas de imigrantes portugueses no Brasil, desgaste da moeda, déficit orçamentário, endividamento, desemprego e empobrecimento da população. Além disso, a Monarquia vive instável. Tudo isso provoca o isolamento cultural de Portugal às influências da Europa.

Nesse contexto, o narrador – que é um “apaixonado” por Fradique Mendes - muito por conta dessa veneração resolve reunir e publicar as cartas de um homem de família tradicional e rica, órfão ainda criança e criado pela avó materna – responsável pela educação heterodoxa do neto.

Fradique foi orientado por um frade Beneditino que lhe ensinou latim e o horror à maçonaria. Por outro lado, conheceu as ideias liberais e iluministas através de um “coronel francês, duro Jacobino’ (p.26) e por fim, para completar a “mistura” dos ensinamentos, um amigo alemão, amigo da avó, para lhe ensinar filosofia Kantiniana, já que se dizia amigo de Kant.


Lido em: Maio de 2015
Título: A correspondência de Fradique Mendes
Autor: Eça Queiroz
Editora: L&PM pocket
Ano: 2010 - 2ª edição
Páginas: 227


Ao alcançar a maioridade e tomar conta da herança deixada pelo pai, nosso personagem viaja pelo mundo, envolve-se em feitos históricos e relaciona-se com figuras ilustres. O narrador conhece Fradique através de suas poesias publicadas no jornal Revolução de Setembro. É importante frisar que esta é a única produção de Fradique e o narrador deseja conhecê-lo exatamente para apresentar sua obra ao mundo, tirando-o da obscuridade. O narrador não apenas admira a poesia de Fradique, mas também o acha um homem belo, erudito, irresistível, perfumada, elegante, etc.

O primeiro encontro do narrador com Fradique se deu em agosto de 1867 e o segundo em 1871, no Egito. Neste encontro no Egito, eles saem para participar das comemorações islâmicas e neste dia Fradique explica-lhe que pretende integrar-se ao movimento religioso babismo – tendência religiosa marcante na Pérsia desde 1849, que consistia na fusão de várias doutrinas: cristianismo, judaísmo, guebrismo, islamismo.

Após esse encontro no Egito, os dois só se encontram em paris em 1880. Nessas conversas nota-se que ambos tomam as palavras de escritores (poetas e romancistas) e líderes religiosos para expressar valores, conhecimentos, reflexões acerca da humanidade.






E assim, toda obra é constituída de cartas escritas por Fradique àqueles que mais estima. Curioso é notar que há uma segunda obra com correspondências de Fradique escrita na contemporaneidade. O autor angolano, José Eduardo Agualusa nos apresenta outras correspondências de um Fradique menos preconceituoso e mais maduro na obra Nação Crioula. Resultado: temos mais uma vez o romance como espelho do que está nas profundezas das relações – sejam elas sociais, políticas, ideológicas ou amorosas.



                                                   

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2 comentários

  1. Eu nunca ouvi falar do livro não. Mas sei que o escritor é bem famoso. Ainda assim linguagem de um século atrás, ai nem. Preguiça maior kkkk

    Inquietudes Secretas

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    1. Ah, Liih... Abre seu coração! rsrsrs

      Obrigada pela visita!

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